A cerimónia de entrega decorre hoje, às 18H30, na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa. Será Ana Jorge, ministra da Saúde, a distribuir os prémios.
Miguel Godinho Ferreira, Tiago Carneiro, Clara Alves e Vanessa Borges, do grupo de «Telómeros e Estabilidade Genómica», recebem o galardão pelo trabalho que têm desenvolvido no estudo dos telómeros, estruturas protectoras compostas por DNA.
Os telómeros podem ser comparados às capas plásticas protectoras dos atacadores de sapatos: perdendo-se estas capas, os atacadores desfiam-se e vão desaparecendo. Da mesma forma, o DNA que constitui os cromossomas vai encurtando durante as sucessivas divisões celulares ao longo da vida de um organismo (isto é, com o envelhecimento), ficando os cromossomas mais expostos a situações de instabilidade, potencialmente causadoras de cancro.
Os resultados recentes do grupo vêm explicar um paradoxo no papel protector dos telómeros, como explica Miguel Godinho Ferreira, coordenador do grupo.
![]() |
Tiago Carneiro, do Grupo de Telómeros e Estabilidade Genómica |
A equipa descobriu, recorrendo a células de levedura do pão, que “não só a cadeia de eventos de reparação do DNA é interrompida nos telómeros, como estas proteínas são sequestradas nos telómeros e aí reconduzidos para a geração de novas sequências de DNA protectoras”.
Os investigadores acreditam que este trabalho poderá, no futuro, ser base para o desenvolvimento de novas terapias de combate ao cancro e doenças do envelhecimento.
Genes pró e anti-inflamatórios
O grupo de «Inflamação», liderado por Miguel Soares, tem elucidado o papel de genes pró e anti-inflamatórios na resolução de reacções inflamatórias, como aquelas associadas a doenças infecciosas, nomeadamente a malária.
O prémio reconhece os seus mais recentes estudos que desvendaram a existência de um sistema de defesa natural do hospedeiro contra o parasita da malária, Plasmodium, baseado no efeito anti-oxidativo da enzima heme-oxigenase-1 (HO-1).
Miguel Soares explica que “a infecção com Plasmodium leva à ruptura dos glóbulos vermelhos do sangue (a chamada hemólise), libertando-se hemoglobina. O grupo heme (quatro centros de ferro através dos quais o oxigénio se liga à hemoglobina) assim liberto torna-se pró-inflamatório, causando os sintomas de malária”.
Cada grupo de investigação receberá 10 mil euros. Esta é a segunda vez que grupos do IGC vencem o Prémio Pfizer de Investigação.