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Prémio Pfizer de Investigação distingue dois grupos do Instituto Gulbenkian de Ciência

Prémio Pfizer de Investigação distingue dois grupos do Instituto Gulbenkian de Ciência

by Anabela Saraiva -
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Dois trabalhos de investigação do Instituto Gulbenkian de Ciência (IGC) venceram a edição de 2009 do Prémio Pfizer de Investigação Básica, atribuído pela Sociedade das Ciências Médicas de Lisboa e os Laboratórios Pfizer.

A cerimónia de entrega decorre hoje, às 18H30, na Aula Magna da Faculdade de Medicina de Lisboa. Será Ana Jorge, ministra da Saúde, a distribuir os prémios.

Miguel Godinho Ferreira, Tiago Carneiro, Clara Alves e Vanessa Borges, do grupo de «Telómeros e Estabilidade Genómica», recebem o galardão pelo trabalho que têm desenvolvido no estudo dos telómeros, estruturas protectoras compostas por DNA.
Os telómeros podem ser comparados às capas plásticas protectoras dos atacadores de sapatos: perdendo-se estas capas, os atacadores desfiam-se e vão desaparecendo. Da mesma forma, o DNA que constitui os cromossomas vai encurtando durante as sucessivas divisões celulares ao longo da vida de um organismo (isto é, com o envelhecimento), ficando os cromossomas mais expostos a situações de instabilidade, potencialmente causadoras de cancro.

Os resultados recentes do grupo vêm explicar um paradoxo no papel protector dos telómeros, como explica Miguel Godinho Ferreira, coordenador do grupo.

Tiago Carneiro, do Grupo <br> de Telómeros e Estabilidade Genómica
Tiago Carneiro, do Grupo
de Telómeros e Estabilidade Genómica
“Surpreendentemente, os telómeros atraem para si proteínas que assinalam e reparam danos de DNA na célula – são proteínas potencialmente perigosas pelo que seria de esperar que não se associassem aos telómeros”.

A equipa descobriu, recorrendo a células de levedura do pão, que “não só a cadeia de eventos de reparação do DNA é interrompida nos telómeros, como estas proteínas são sequestradas nos telómeros e aí reconduzidos para a geração de novas sequências de DNA protectoras”.

Os investigadores acreditam que este trabalho poderá, no futuro, ser base para o desenvolvimento de novas terapias de combate ao cancro e doenças do envelhecimento.

Genes pró e anti-inflamatórios

O grupo de «Inflamação», liderado por Miguel Soares, tem elucidado o papel de genes pró e anti-inflamatórios na resolução de reacções inflamatórias, como aquelas associadas a doenças infecciosas, nomeadamente a malária.

O prémio reconhece os seus mais recentes estudos que desvendaram a existência de um sistema de defesa natural do hospedeiro contra o parasita da malária, Plasmodium, baseado no efeito anti-oxidativo da enzima heme-oxigenase-1 (HO-1).

Miguel Soares explica que “a infecção com Plasmodium leva à ruptura dos glóbulos vermelhos do sangue (a chamada hemólise), libertando-se hemoglobina. O grupo heme (quatro centros de ferro através dos quais o oxigénio se liga à hemoglobina) assim liberto torna-se pró-inflamatório, causando os sintomas de malária”.

Cada grupo de investigação receberá 10 mil euros. Esta é a segunda vez que grupos do IGC vencem o Prémio Pfizer de Investigação.